domingo, 20 de novembro de 2016

Domingo entre um cobertor quentinho


Chove bem e o casaco ensope-se.
Devia ter trazido um impermeável,
Penso enquanto corro do Campo Pequeno
À Avenida de Berna.

Os carros passam e fazem barulhos de cidade.
Encharcado, oiço os meus passos nas barreiras.
As pessoas com pressa num rodopiar de umbrelas
Abrigam-se da vaga de vento que muda o declive da chuva.
E eu, infeliz desabrigado, dependo da minha rapidez para chegar a casa.

Chego à Avenida de Roma com efeitos natalícios.
É crepúsculo e a rua iluminada de festividade antecipada
Dá uma sensação de acolhimento próspero a sorrisos.
(As melhores coisas do mundo acontecem no lusco-fusco).
A claridade do sol está diminuta e a chuva a abrandar.
As nuvens dissipam-se - deixam passar a fraca luz do sol -
E as montras alegram quem passa por elas.
Fatos e vestidos lindos, brinquedos coloridos; tudo o que é bom.

Uns metros mais tarde encosto-me às paredes húmidas da minha casa:
Na rua molhada, com o casaco encharcado e a o cabelo a escorrer.
As árvores seminuas gritam o Outono em que estamos,
Apesar do ar fresco que me arrepia a cara.

Estão folhas castanhas caídas no chão;
Tal qual eu a entrar na alpendrada -
Despedindo-me da rua que me fez desconfortável ao frio
E assente numa ideia fixa de que o belo é não usar guarda-chuva.

Agasalho-me num cobertor quentinho enquanto a roupa está a secar.

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