segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Natureza

As folhas verdes agitam-se no jardim.
Toda a Natureza fria e desanimada
está em mim contida, difundida num
Ser que por sentir se aflige mediocremente.

No exterior do meu recolho permanece o ânimo
que perambula tão distante desta entidade escondida,
criada para empunhar o inútil e desagradável:
pretendo idealizar a árvore perfeita com fruto saboroso.

Pudesse eu perder a verdura fresca que me afeta.

Como te desejo, tarde serena. Em ti correr
alegre, despreocupado. Encher-me de sol e paixão,
procurar a rocha da ambição escondida no querer
adquirir a virtude interminável e encher-me de poder.

Interrogo-me como um filósofo, mas procuro a verdade
acima de todas as coisas inalcançáveis. Por perder
a Existência, derrubo-me interminavelmente.
Por pura coesão ideológica, quero investigar a Natureza.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Escrever

Escrever é sentir com os dedos. Observar o real e tornar a ficção em algo que paralelamente o complementa. É fazer sonhar o leitor, dar-lhe acesso a uma chave que abre todas as portas de um mundo gigantesco, maior que este onde vivemos e sentimos. É modificar uma dor sentida e poética noutra qualquer acessível a todos os interessados a viver para além das palavras. Uma dor suja que se torna num velho à chuva ou num céu azul feliz, servindo de recreio à imaginação de quem lê. É sofrer como quem quer sofrer, usar comparações inadequadas e um vocabulário rigorosamente elementar, com explicações sentidas e feridas no papel branco manchado de tinta preta. É contrastar o sangue ardente e flamejante que segue nas veias e, numa vontade incessante, querer que estas escorram tinta preta; sempre preta: o luto inerente à arte poética e à solidão magnífica. É falar mal e não saber o que se diz concretamente, responder a questões sem lógica, dúvidas que permanecem durante fracassos seguidos e permanentes até se amontoarem num acúmulo de desespero e indignação trazido pelo sucesso tardio.
Na verdade, quem escreve nega o seu bem mais precioso: sentir. Quem o julga poderá afirmar que tal não é verdade e que a escrita subjectiva o contradiz etimologicamente. Mas só ele o sabe, só ele sente o que não sente, apenas ele deve dar encanto aos cantos perpendiculares da sua folha com alegorias e figuras imaginativas e criativas. Não se limita a transgredir o real, nem a obstiná-lo, apenas o usa para contentamento geral, para hilaridade comum. Quando finita o seu Destino, acabam os sonhos ou tudo aquilo que até antes nunca tinha acabado. Nada continua excepto o seu nome, o seu nome requintado e utilizado para outro contentamento geral, gozando de um estatuto de mártir quando na verdade era apenas um doido desajustado a uma regra social desadequada, vivendo num hospício sem a ele pertencer.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Mensagem


Num sábado como qualquer outro, estava uma menina entretida com a troca repetida de mensagens de telemóvel que tanto a fascinava e fazia sonhar. Estava em repouso no seu sofá macio, com uma perna por debaixo da outra, descalça, vestia uns curtos calções de ganga com bainhas desfiadas com bolsos cor-de-rosa que se notavam por tão curtos serem os calções. Como era um sábado soalheiro das férias de Verão, tinha uma camisola cinzenta pertencente a seu pai vestida, que por lhe ser larga, tinha um nó junto à anca robusta, que a ajustava ao seu fino corpo, tornando-a mais curta e apertada, descobrindo a sua elegante barriga morena. Tinha longos cabelos louros e uns olhos azuis claros, como o fundo de um mar cristalino. A menina estava notavelmente agitada. Aguardava nervosa pela resposta do seu destinatário, aquele telemóvel, aliás: aquele rapaz, era o centro do seu mundo e da sua imaginação repleta de cenários apaixonados. Sonhava um dia estar protegida sobre os seus braços firmes e de ouvir a sua voz suave dizer-lhe "Está tudo bem... Não chores mais.". Não se sentia infeliz naquele momento, mas sonhava estar, de algum modo, triste para ser reconfortada pelo seu pseudo-namorado.. Ansiosa sim, mergulhada num oceano de incertezas porque a resposta tardava... "Mas o que será que ele ficou a pensar?" - questionava-se. Essa dúvida surge porque ela está à espera da resposta a isto:
Sabes como me sinto... Estranha. Não sei como te explicar em tão poucos caracteres, mas tu és especial, lindo... Fazes-me sentir desejada, estas a ganhar espaço no meu coração... Espero estar contigo para te dizer tudo isto, para poder ver os teus olhos, ver a tua sinceridade.. Sou tão burra, eu nunca devia ter dito isto desculpa.
Numa falta de sentido lógico, o que ela fez foi, tinha agora noção, uma enorme estupidez. Numa paranóia consequente, julgou que o rapaz jamais voltaria a falar com ela quer visualmente quer por uso das telecomunicações. Uma paixão idiota, concluiu. Provavelmente ela não gostava assim tanto dele e alem disso apenas tinha 15 anos. No entanto, quando se preparava para contar à amiga dita mais chegada, uma vibração preenche a sua mão direita que segurava o telemóvel. Era a resposta anteriormente aguardada do rapaz. Ao abrir, deparou-se com algo tão simples como "Lol, és fofinha :3". Por pouco não soltou um gritinho meio estérico meio de contentação. Levantou os braços e cantarolou feliz "Ele gosta de mim, ele gosta de mim...". Assim estava a menina de 15 anos atenta a responder de forma habitual, feliz e contente, afirmando que se tratava do melhor dia da sua vida. Portanto estava a menina entretida com a troca repetida de mensagens de telemóvel que tanto a fascinava e fazia sonhar...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Cliché

O Universo é tão vasto...
Tão preenchido com coisa nenhuma,
difundido nas orlas de um espaço gasto,
dilatando perpetuamente, em suma.

Há quem diga que não:
que chegará um dia em que tudo
regressa ao reduto anterior, em vão.
Mas, porquê? Porque não mudo?

Defino-me assim como uma parte
do universo em mudança e expansão
que apenas tenta entre a arte
e a ciência que a faz ver a relação.

Olho à noite aquilo que o dia
me impede de com os olhos ver:
o modo como Deus alfa sorria,
como ele poderia sequer ser.

E assim, com mais ou menos
matemática complexa e escrita,
com matéria e corpos serenos,
se descobre o que para lá medita.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Constante


Sinto-me estranho quando os meus olhos te caem em cima. Nada me parece totalmente normal, nada é como é, sinto-me outro: despreocupado, leve, tranquilo. Hesito em falar para ti, em transformar em palavras aquilo que sinto. Eu falo e digo-o de uma maneira que só tu entendes. Mas algo muito importante tem que ser dito e justificado: eu gosto de ti... Muito.
"Gostar" não significa ter uma afeição ou achar-te simplesmente atraente. Implica querer conhecer-te, querer passar momentos inesquecíveis, é pegar no dicionário de sinónimos e procurar palavras alternativas que te façam sorrir e sonhar. Quem me dera que "gostar" fosse só isso, fosse só dizê-lo e pronunciá-lo. Mas isso não faz sentido, isso não é romântico nem nos faz sentir como se todo o mundo tivesse a nosso favor! "Gostar" é como quem ama, mas para pessoas livres, para gente que não se farta de dar aquilo que tem de melhor e de receber exactamente o mesmo em troca, "gostar" é para os gestos verdadeiros e sinceros, é algo que não enjoa e que nos faz sentir extremamente bem... É a sinestesia do amor, um texto curto que diz e explica tudo o que existe no mundo, algo fantasioso e agradável.
Conhecer alguém é e continua a ser um desafio intenso e com emoção, por isso não se desiste de algo que faz parte das nossas convicções e objectivos: se acreditamos e não temos nada a perder, porquê desistir? O fracasso dita o sucesso iminente e quanto maior for o falhanço, mais saboroso e encantador será o êxito que acontecerá sem dúvida alguma. Basta sermos bonitos e adequados, porque estas duas qualidades todos nós temos dentro da aliança que lateja dentro do nosso peito! Acredita em ti, investe em ti e sonha, assim será fácil e quanto mais difícil for aquilo que pretendes, mais fácil será consegui-lo.
O objectivo de amar alguém deve ser como o "pi": uma constante presente no conjunto real da nossa vida que não se altera, irracional mas compreensível e alcançável através da experiência e persistência!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Não percebo


Não percebo
porque é que se tem que perceber
aqueles que teimam em não perceber.
Ah manifesto! Ah perfeição deles!
Que se vejam e que se notem!
Que não se apague a chama
que tanto os detém e cega e blinda.

Encharquem-se as candeias invisíveis
que não têm lugar nesta razão!
Viva! Viva! Notem que estão certos!...
Ingénuos!? Ouseis vós em deter quaisquer
ostentações oblíquas à Ciência insuportável,
que Estudos comprovados por Doutores e
Professores e Senhores Magnatas sustenta.

Isso é belo, óbvio, sereno, Inquestionável!
Vê-se! Viu-se! Afogar-se-ão por ventura nesse
mesmo óleo que outrora servira para repugnar
indigentes e canalha das ciências incertas!
Por certo darão como incerto a certeza que
se aventurarão em largas chamas do subterrâneo.
Mas que lhes agradará: isso não dão como incerto 
porque lhes convém! Interesseiros! Ciganos! Canalha!

Cessem por fim! Óbvios! Chamar-me-ão
isto ou aquilo ou até (chocante!) aqueloutro!
Que vis, seus indigentes! Sentir-me-ei calhandrado,
caluniado! A minha indiferença subirá de altíssima
para (pasmem-se) inexistente! E isto é deveras
significante e aconchegante para aqueles
que tudo fazem para pôr os nervos de
belas pessoas na pontinha minúscula dos cabelinhos
finos e castanhos escuros movimentados pelo vento.

Mas calo-me, de rompante. Num pensamento
tão solto como um cabelo vem-me a imagem
de algo tão semelhante quanto a cabeça que o impede
de se soltar. E o que está lá dentro faz-me pensar, como
seria de esperar, infelizmente. E o que me faz pensar
dedica-me ao inumerável sofrimento constante irracional.
Dividir-me-á num ser que cisa tão concretamente duas
realidades fundidas numa obscura incompatibilidade.

E revejo-me como um herói de muitos que usavam também
esta característica de sentir e doer e querer sadicamente,
infelizmente, concretamente radicar ideias que
profundamente se colocam em situação de ferir e de
cobrar indevidamente a mágoa mal parada. Porque
abana a alma no interior de um corpo frágil, o coração
parece padecer de uma doença invejável que
força os sem força a desejar também eles terem ciência.


(A subtileza inerente a qualquer dito "poeta" de conceder ao título da obra o descuido propositado de guardador do primeiro verso agrada-me superficialmente.)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Coração

Não quero sentir.
Recuso-me.

A mim tudo o que me importa
reside precisamente no pensamento e
não vagamente na emoção.

Aquilo que escrevo com equações
não o escrevo à toa. Não fico
a pensar nos números que escrevi
e por aí se vê que quem mais pensa
menos sente e mais significa.

Se a liberdade se estende com a razão,
então porque não fazermos dela um uso
exclusivo à sua extensão? Se é muito
complicado escolher o momento em
que devo acabar um verso, como
posso eu querer que seja igualmente
difícil saber quando acaba uma função
matemática lógica e útil?

A arte aborrece. Todas as suas formas
e sentidos são um bocejo extenso e longo
de madrugada e cansaço. Quem assim sente
mais vale pensar nessa perturbação para
que a sonolência passe e cesse.

Que dá sono vê-se logo. Normalmente
verificável pelo processo que facilmente
dizima o sono de quem se deita a horas
normais, esse processo racional que
origina sentimentos e emoções permite-nos
cair por fim no tão desejado descanso.

Leve seja a arte e intenso e desejável
a meditação do raciocínio. Assim por
curtos caminhos se alcança a verdade
genérica por via empírica e disciplinar.
Por estreitas e obscuras alamedas
incompreensíveis se veja e olhe todo
o esplendor humano que nos define
e que não pode ser negado.

Anarquia rítmica

Cada vez que me olho e penso
resultam em mim trambolhões
teimosos em chegarem perto
de um consenso universal e
restrito acerca de como sou
e de como me hei de comportar.

Como se a prosa fosse uma linha contínua no tempo e a folha o espaço restrito e limitado das minhas ideias e a caneta obstinada em não utilizar aquelas regras de separação fonética e gráfica e ortográfica e o diabo que leve todas essas restrições linguísticas e rítmicas.

Separar funções sintácticas seria assinalá-las e assassiná-las porque ao leitor se rege essa função interpretativa-cognitiva-omnisciente de as ler e de as saber e de dizer isto é isto, isto é aquilo. Não prescindo todas individualmente porque não as sei nem as quero saber nem me as convém saber.

Controla-se assim sem mais
nem menos algo a que chamam
mais ou menos de envalgamento
por meio de versos virtuosos
sem vírgulas ou marcas sintáticas
que se possam claramente ver, mas
sendo sentidas por vós que
com mais ou menos vontade
brincais com versos brilhantes
de cor branca, banais.


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A guerra

As casas em cimento vandalizadas,
os muros caiados caídos no chão,
as mulheres nos braços firmes amarradas,
os filhos em desespero choram em vão.
Os homens que lutaram e morreram
meros bonecos sujos pareceram.

Aquela aldeia nojenta e imunda,
por lamas e entulho se figura.
Pela podridão que no ar circunda,
(pensavam estar segura)
foi usurpada faz algumas baladas
pelo sino último anunciadas.

Sino que em vão bate
porque apenas o cão triste o ouvira
naquela praça pintada de escarlate,
que homens em fila a serem trespassados vira.
Lugar este agora assombrado
está morto, está parado.

Quem após lá passa
em busca de quem lá passou avança.
(Passassem estes antes na praça)
Procuram por entre cadáveres a esperança
de voltar a chamar àquele sítio sua terra,
de vingarem os homens perdidos na guerra.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sporting

O Sporting voltou a ganhar. Sim, SIM! Fiz uma festa! Uma grande e colossal festa! Não juntei os amigos para fazer um churrasco e beber umas cervejas conversando de gajas e do Patrício, mas, solitário, dei uns pulos jeitosos. Se na altura eu fosse um sinal de pontuação, eu era sem dúvida o ponto de exclamação! Mariquice à parte, e não me caiam todos em cima, acho que o Wolfswinkel é lindo. Pronto, digamos apenas que possui uma face cujas características musculares e distintivas se sobressaem relativamente às dos demais homens, provocando agrado e exaltação nas mulheres e raparigas, bem como um cabelo que, sem exageros, suscita excitação nas moças. Dito assim deste jeito nem parece tão amaricado. Outro jogador grandiosamente soberbo é o Rui Patrício, aliás: São Patrício! Ele é decerto o melhor guarda redes do mundo e, posso afirmar, um dos melhores da Europa. Não comento a beleza do guardião. Perguntem antes à Liliana Aguiar.
Braga, lamento, eu até gosto de ti, mas quem se mete com o Leão geralmente não lhe acontece nada, mas há dias de azar e se calhar estavas num dia desses! É assim a vida de equipa caro Braga, um dia ganhas ao Gil Vicente e no outro perdes contra uma equipa que se encontrava 4 lugares abaixo!

Outro interessante acontecimento futebolístico foi o golo de Luis Suárez contra o Chelsea. Ou melhor, a celebração! Cabeceou para golo, foi a correr entusiasmado para a bandeira de canto, e vira-se para celebrar com os colegas... Mas para seu espanto nenhum colega o acompanhou e a mudança da sua expressão facial de alegria e felicidade para desalento e tristeza é hilariante! Coitado...
Fiquem com o vídeo:

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Afirmação de amor

Vejo em ti alguém diferente. "Diferente" adequa-se porque contrariamente às outras pessoas, tu não tens a necessidade de iludires os outros com façanhas irreais ou dizeres coisas que não és ou considerares-te melhor que todos. És uma gota de humildade no meio de uma imensidão de hipocrisia, estupidez e inconsciência humanas. Ages naturalmente perante tudo, lógico ou irracional, como se uma coisa simples se tratasse. Vês o amor como algo rudimentar e notório porque acreditas nele tal como acreditas na ciência e na vista e em tudo aquilo que existe e que se sabe existir. Canso-me de imaginar todos os possíveis cenários nos quais te digo tudo aquilo que penso acerca de ti: o quão fascinante te acho, a maneira como tu me fazes sonhar e sentir o futuro, as enumerações sentimentais que me proporcionas.
A tua beleza cativa-me. Estranhamente, acho-te a mais bela de todas. A tua perfeição imensa revela-se no céu dos teus olhos e a tua compreensão pura e genuína nos teus cabelos doirados. Vives o hoje descartando o amanhã, mas sempre tendo em consideração o ontem. Sim, os erros cometidos não passam de oportunidades para corrigires aqueles detalhes imperfeitos que te assombram e te preocupam; mas não o mostras. Não tens a soberba de o mostrar porque aprendeste não com os teus erros mas com os erros dos outros, que te ensinam mais a ti do que a eles. Que aspecto que tanto me encanta... e tanto me inveja.
Quero respostas, mas tenho que as procurar primeiro. Tenho que identificar o problema do meu coração, um problema racional que apenas racionalizando se solucionará. Assim poderemos ser livres, poderemos ser imunes a tudo, poderás ser tu, poderei ser tu.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O amor vence tudo

Será o amor um sentimento dispensável ou essencial? Talvez ambos. Quem sente o calor corporal da pessoa amada, os gestos de ternura, doçura e afecto, pode afirmar convictamente que é feliz, realizado, satisfeito. Sente-se amado e retribui. Por oposição, existem os "tímidos": tristes almas que existem num mundo sentimental que, pensam, não foi feito para eles. Foi feito para os fracos de espírito que procuram nada mais que mera atracção física, apego manipulador e facilmente contornável. Mas felizes são os que vêem o que a visão não permite. São os que vivem numa angústia intolerável, com um abundante negativismo que torna todos os contactos sociais com o sexo oposto em algo embaraçoso e difícil. Etiquetam o género contrário de forma a saberem em quem confiar o seu desalento, a sua melancolia. Escolhem os mais fáceis, aqueles que ajudam na árdua tarefa de simplesmente "arranjar um tema", "manter conversa", "dizer coisas".
Vivemos num mundo condutado pelas aparências exteriores, pelas facilidades, pelo cómodo, satisfação, deleite... Auspiciosamente, ainda existem seres humanos dignos dessa designação; porque é exclusivo desta espécie a sapiência, a emoção e os sentimentos, não obstante alguns deles estarem exageradamente representados na nossa existência individual de poucas décadas.

Ser tímido é ser forte, pensativo, calculista, preventivo. É ter tudo para amar e verificar que a infelicidade se contém naqueles que pensam que amam. É ser portanto feliz, amando quem merece.

Omnia vincit amor.

domingo, 21 de outubro de 2012

Caminha o menino

Pudesse uma criança deveras
decidir se à Terra queria vir,
viria ela tão prontamente
como vem fazer à mãe dor sentir?

Quisesse a mãe ver no filho
aquilo que nela antes ver queria,
nasceria assim tão perpetuamente
como nasce uma triste mente?

Fosse ele ao longo do seu destino
buscar quem poucos ofícios tem
mas, sim, muito tempo de menino,
seria ele o tormento de sua mãe?

Da fonte que em criança o colheu,
que água quente jorra em seu leito,
para a torrente fria do Fado seu,
caminha o menino em seu jeito.




segunda-feira, 8 de outubro de 2012

English attempt

The birds are discontinuously singing outside. It's a sign: autumn's here. The lying season, the coarse god's masterpiece. As the spring crosses the other side of the circle, warming the people, hopelessly, the beginning of the cold mixes with my hot tempered heart. Yes, I think it's fake. The passion, the love, the things I should feel when spring begins, when the hope begins, these things... I'm feeling all of them now. 
When a leave falls, the ground stills strong. When the cold wind brings the sadness and the monotony, my soul remains loud and hot like an echo that deafens the surroundings. It's like a lollipop with a sugar topping: bitter when you first taste it, but delicious when you begin to be used to it. 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Fernando Pessoas


Vamos ler Fernando Pessoa. Vamos vaguear na mente de um doido que de parvo tinha pouco. Naufragamos nos versos dos seus poemas desamparados pelo seu restrito sentido, pela sua ambígua estupidez, pela sua genérica interpretação. Desacataremos a forma e a métrica e atentemos as marcas linguísticas e os recursos expressivos utilizado pelo que finge. É uma introspecção do leitor na sua revisão acerca da mensagem pseudosubliminar contida nas estrofes. Pseudo porque disto tinha Pessoa imenso. Tinha tanto que até heterónimos tinha, para disfarçar a sua razão psíquica e utiliza-la na alma emotiva-sentimental de outras gentes por ele criadas. Sentir-se-ia ultrapassado por ele próprio. Mas como seria possível ele saber que se estava a transcender, sendo ele, ele? Racionalizou então outros eles, mas que não fossem ele. Quis ao mundo dar a saber que o seu entendimento excessivo e socialmente pejorativo não era apenas e só seu. Era dele e de outros eles, dentro dele. Queria descartar aquilo que bate para dar importância àquilo que nos dá a razão. Queria colocar os miolos no tórax e o coração no crânio, queria uma sombra que sofresse metamorfoses projectada por um corpo imutável. 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Procuro-me

Parece absurdo, mas durante o período lectivo, o Daniel é muita coisa. É crítico, cínico, controlador... Exagerado e palerma. Durante as aulas, o Daniel é tudo, menos o Daniel. Se nas férias conseguia encontrar a essência da minha existência nela própria, já nas aulas acontece o oposto. Nas aulas não sei ler, não sei escrever, não sei contar nem como me movo no espaço. As aulas fazem-me burro e absurdo. Transformam-me numa aberração social, invertem-me as opiniões e as afeições. Não consigo encontrar uma constante lógica na qual apoie a minha realidade... Tudo o que faço ou digo é errado à primeira vista, tudo o que digo ou faço é fútil, redundante e ingénuo. Acabo a pensar por extensas horas, à procura das respostas ao trio de questões que a nossa realidade fatalista nos coloca. Penso que vim de não sei onde, vou para não sei onde e sou não sei o quê. Não se trata de não saber que os is têm pontos, trata-se de não saber como pôr os pontos nos is.

domingo, 16 de setembro de 2012

O perfeito é o mundo mudo

O mundo é lógico.
Não seria lógico se não fosse,
absurdo.
Ele não se ria do absurdo se não fosse,
lógico e absurdo.
Não seria lógico se ele se risse,
sendo mudo.
Seria perfeito se o mundo fosse lógico, sendo, então,
mudo.

O mundo somos nós;
o nós é lógico, mas absurdo.
Então o nós é o mundo
que se ri de nós, por sermos,
imundos, e não mudos.
Seria perfeito se o nós fosse lógico, sendo, então,
mudo.

Imundos seremos por sermos,
parte do mundo.
Por parte do mundo sermos,
somos nós: imundos.
Seria perfeito se mais mundos fossem lógicos, sendo o nós,
mudo.
Mas se mais mundos fossem lógicos, mudos não seriam.
Porque se mais mundos houvessem, lógicos não seriam.

:)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A insónia


Estava eu na cama posto
Pronto para meu descanso,
Quando à cabeça me vem teu rosto.

Na minha mente ávida
A tua bela imagem começa
Como uma flor que pouco gosto
Pisada pela travessa vida;
É quando à cabeça me vem teu rosto.

Depois de pisada a raiz sobeja
Pronta para germinar de novo
Aquela flor que odeio e pica,
Para que pelo pé pisada seja.
Então à cabeça me vem teu rosto

Assustado enfim adormeço
E é então que a sonhar começo.
Nele teu rosto escarlate aparece
Livre dos espinhos malvados.

Vi então que tinhas mudado.
E que flor desejada eras!
Porque na honestidade acreditar puderas,
Acordo por ti desafiado.
E é quando à cabeça me vem teu rosto.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Assassinos de dicionário

Para certas pessoas, falar para um auditório é difícil. Não por desconhecerem as palavras que pretendem utilizar, mas por não conseguirem encandear logicamente as ideias a transmitir. Podem ter o plano previamente feito e, na hora de falar, os olhos escapam-se automaticamente para a folha manuscrita e as mãos pregam-se ao papel, o que arrasa a linguagem corporal e o discurso que até esse momento era fluido, contínuo e ininterrupto. Saber língua portuguesa e praticar convenientemente são requisitos para melhorar a oratória, tão importante no nosso dia-a-dia.
No plano da escrita, porém, começam os problemas. O meu uso excessivo de Internet proporciona-me alguns momentos bastante agradáveis. No entanto, sempre que me ligo a algum serviço social onde pessoas dão a sua opinião incoerente, insatisfatória, descontextualizada e absurda, a frustração apodera-se de mim. Virtualmente, já assassinei centenas de pessoas devido à sua estupidez e idiotice. E vou ser sincero: a minha consciência não está arrependida de ter esfaqueado, estropiado, empalado ou baleado as pessoínhas arrogantes e mesquinhas que opinam erroneamente e com autêntico desleixo pela língua portuguesa. 
Para mim, saber escrever bem, recorrendo às diversas figuras de estilo, torna possível que os leitores percebam claramente as ideias que pretendemos transmitir. E mais divertido ainda, é que a canalha que constantemente e apenas por burrice e estupidez plena maltratam e descredibilizam todo o seu português, pensam que qualquer texto minimamente estruturado é sinónimo de perfeição. O que faz com que compositores de palavras simples, mas sinceras, como eu, que embora não dominem totalmente a língua, mas têm vontade de aperfeiçoar, sejam os pequenos heróis e um refúgio aos vagabundos da gramática. E isso, faz-me sentir especial. Obrigado.

Um caso real, retirado do Youtube, que me fez vir escrever isto neste soalheiro dia de Agosto:
"nao sei porke kuado nos nacemos ja nao havia pink floyd ou queen ou hevie metal porke temos so agora justin bieber e nao kero ouvir e kero ouvir os outros e nao poso"

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Bagunça de Assuntos

O que dói mais? Ter um prego entre a unha e a carne do dedo grande do pé e dar uma biqueirada na parede ou sofrer por amor? Claramente a primeira. Digam o que disserem, não há dor inigualável. Até me dá arrepios só de pensar. Todavia, grande parte dos adolescentes hoje em dia receia que o lancinante sentimento do amor mais cedo ou mais tarde resulte numa aflição psicológica que, violentamente, possa manietar e controlar todas as acções do indivíduo. Bem, na verdade até não. Os adolescentes não querem saber nada disso. Tudo o que receiam é materializado.
As adolescentes, no entanto, querem fazer fotografia quando nem sabem o que a palavra significa. Querem ouvir os rapazes dizerem que são bonitas para que, satisfeitas, os possam ignorar e desprezar. Querem também receber "gostos" nas fotografias que publicam no Facebook, não interessando que parecem ridículas com um sorriso manchado e ingénuo, ou "patamente abocanhadas". Eu próprio gosto de "gostos", quem não, de direito? Foi, de facto, a grande invenção, depois da roda. O "gosto" mudou jovens acneicos para verdadeiros gigolôs da avaliação física de raparigas seminuas - acreditem, eu sei do que estou a falar. O "gosto" permitiu que pessoas, consideradas tímidas, pegassem em seus aparelhos de registo fotográfico e o utilizassem ao contrário, literalmente, com a objectiva direccionada para o simultâneo motivo e fotógrafo, ficando o visor à responsabilidade da atmosfera que, se Deus ajudar, criará então o plano focal desejado pelo sujeito que pega na máquina. Parece-me simplesmente absurdo, depois de analisar a situação. Resulta num subconsciente paradoxo fotográfico! Ou bem que se é o fotógrafo ou bem que se dá a fotografar. Talvez possamos considerar que, neste caso, a atmosfera seja o fotógrafo. Nesse caso, o paradoxo está resolvido.

E o mais engraçado é que nesta "bangunça de assuntos" (reparem que significa o mesmo que a tão venerada "mixórdia de temáticas") se encontra a minha perfeita e apurada descrição. Se quero criticar, mais vale começar por criticar o alvo mais fácil e a realidade que mais conheço: eu.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A luz apagou-se

Consigo tocar nas estrelas
porque as consigo alcançar.
São misteriosas, luminosas
são o astro divinal.

Consegui, sem querer, lá mexer
naquele distante ponto que
encanta o vagabundo navegante;
que aquece o coração de quem a acolher.

Mas a estrela afastou-se,
parou de traçar o rumo do pobre vagabundo,
o sentido inexistente pareceu desaparecer,
todo o seu esforço se desmoronou.

Dissipe-se a traidora luminosidade
irradiada pela desleal estrela miserável!
Que eu próprio encanto o pobre mendigo;
que se concretize a ideia que o trouxe àquele trilho afável.

domingo, 8 de julho de 2012

AMOR

Quem nunca se sentiu aprisionado pelo implacável sentimento que nos afecta, sobretudo, o coração? Quantas vezes tentamos agir de maneira racional, coerente? Mas esse esforço transforma-se num absurdo desperdício, uma vez que o amor não possui um modo lógico de existir. Todas as palavras conjugadas no meu pensamento são insuficientes para o ritmo avassalador que o nosso coração impõe face ao estímulo da percepção sentimental. É simplesmente absurdo, irracional, irreal. Esta emoção consome o espírito humano impiedosamente; faz-nos sentir meros fantoches, controlados pela realidade incontornável que habita dentro da nossa realidade sensível.
Cessem a paixão e a afeição física. Apague-se a chama fria do apego incoerente, porque não sabem o que é o sofrimento amoroso, o verdadeiro significado da dedicação amarga que recai nas quatro letras que mais mágoa oferece ao órgão central. Sentimentos desnecessariamente essenciais para a criação da divinal emoção. Não se consegue controlar, não se consegue descrever.
Nem sempre esta emoção causa uma discrepância tão abrupta entre a realidade cognitiva e a sensibilidade humana. Porém, a falta de vivência sentimental e o desejo de alcançar a verdade que se esconde nas estreitas ruas da razão levam-me a reflectir sobre este enigmático sentimento.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Declaração de amor

Gostava que um dia os meus pensamentos, os meus sentimentos, as minhas preocupações e precipitações se transformassem em actos, actos sinceros e deliberados que não te magoassem. Que visses a franqueza nos meus olhos, que sentisses a palpitação repentina e precipitada do meu coração. Que não me julgasses erroneamente como quase sempre acontece, porque impensadamente cometo erros tão graves na hora de actuar perante ti, a principal causa da minha inibição.
Qual será o segredo escondido nas tuas mensagens, nos teus olhares fatais, nos teus gestos infalíveis? Como é que não te deixas levar pelos outros? Como me percebes como ninguém? Às vezes penso que todo este esforço, todas estas horas perdidas que me devastam a pensar em ti são um absoluto desperdício, mas dou por mim a reciclá-las pela noite fora. Como posso eu perder tempo a escrever para ti, não mereces, és apenas uma perturbação para mim, era suposto fazeres-me sentir bem e não pessimamente.
Agora, nem uma palavra te dirijo, não sei porque não consigo, talvez por seres irrecuperável para mim. Por estares fora do meu alcance? És importante de mais para eu me dar ao luxo de sequer correr o risco de te perder. Sabes precisamente o que sinto; qual de nós o mais tímido, qual de nós o mais sensível. Não minto: um sorriso teu vale tudo para mim, um sorriso encovado, como tu sabes fazer. Um olhar discreto, subtil e elegante que percorre todo o universo envolvente e o teu tom de voz tão dócil, humilde e verdadeiro.
Sabes o que sempre te disse em relação aos sentimentos, em relação ao excesso de emoção. Concordas comigo, concordas que o amor perfeito não é aquele que se esconde nas aparências, é aquele aquele que se esconde na sinceridade e na força de o querer viver.

Uma saudação a todos os apaixonados de Verão e que se revejam nesta pequena observação. Tenho a impressão que o que sentimos é universal, pois uma pessoa sem sentimentos nem sensibilidade não é uma pessoa mas sim uma aberração.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Poema em linha reta

Porque é que no mundo não existe
alguém que me diga com a voz triste:
"não fui capaz, desisto"
"não consigo vencer isto!"?

Porque é que no mundo não existe
quem tivesse levado porrada?
Quem tenha pedido sem pagar,
quem tivesse ficado sem nada?

Mas eu, sempre sujo, sempre vil,
grotesco, mesquinho, arrogante,
indesejado, incompreensivelmente
abandonado, indesculpavelmente abocanhado.

Estou farto de perfeições,
não há gente neste mundo,
ninguém cai moribundo,
vivem todos nas suas ilusões.


Inspirado em Álvaro de Campos

terça-feira, 12 de junho de 2012

Portugal vs. Dinamarca

Amanhã, a selecção nacional terá nos pés a oportunidade de fazer sonhar o povo português com a grandiosidade de estar na final do Euro 2012. Iremos medir forças contra a Dinamarca que, apesar de já não ser a potência que era em 1992 quando venceu o europeu, é uma selecção que derrotou a equipa de estrelas da Holanda. À semelhança do jogo Portugal-Alemanha, pode-se considerar que o resultado não foi o mais justo. A infelicidade nessa partida esteve claramente do lado da Holanda, criando mais oportunidades e sendo, por oposição, menos eficaz. A verdade é que Portugal perdeu e a Holanda não venceu. Diz-se desta maneira porque o azar holandês assentou, no meu ponto de vista, na individualidade de certas estrelas, que apesar de terem feito um bom jogo, não contam com o suporte colectivo que as suas equipas de campeonato lhe oferecem. 
Portugal vê-se assim obrigado a vencer o jogo contra a Dinamarca se quer continuar a afirmar-se como um dos favoritos ao troféu. A escolha do avançado - uma questão muito discutida - recaiu sobre Postiga, novamente. Eu creio que a reduzida variedade de avançados que dispomos faz com que esta seja a opção mais sensata do treinador português. Nelson Oliveira provou nos treinos ser capaz de finalizar em grande estilo, mas a experiência de Postiga neste caso vale mais. Concordo que o jovem avançado entre na segunda parte, mas será a titularidade de um jogador que nem meia dúzia de jogos pelo Benfica fez a opção mais viável? Conto com as vossas opiniões.
A Dinamarca tem jogadores explosivos e versáteis. Muitos deles são conhecidos por não darem muito nas vistas durante o jogo, mas quando se trata de decidir o rumo da partida, entram em cena e fazem golos. Não os podemos considerar estrelas, mas os dinamarqueses têm algo que Portugal não tem: uma equipa equilibrada. Ao mesmo nível encontram-se os defesas, médios, e avançados. Portugal como sabemos tem um défice no ataque. 
Portanto, Ronaldo e seus colegas poderão deliciar os portugueses amanhã. Uma vitória, nada mais que isso, é pedida. Espera-se uma boa exibição do capitão português porque quando este está no seu máximo, a equipa acompanha-o. Foi o caso do amigável entre Portugal e Espanha logo após o Mundial 2010. Espanha era a campeã, estava no topo do mundo. Mas uma exibição personalizada de Ronaldo fez com que a equipa portuguesa derrotasse os campeões por 4-0, com um soberbo golo anulado (injustamente) da estrela portuguesa. Amanhã, a vitória em Lviv poderá levar à euforia popular, à exaltação dos valores nacionais, ao esquecimento dos problemas, da crise. Quando a selecção ganha, a alegria instala-se em casa de cada português, as crianças com os cachecóis e de cara pintada saltam aos gritos; um golo significa um grito de alívio, emoção e contentamento de uma nação empobrecida.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

De volta

Estou a escrever novamente no "vou escrever um blog" depois de ter escrito um blog. Então, não será a forma "vou escrever um blog" um pouco ultrapassada? Será a designação "Escrevi um blog. E agora, o que faço?" mais adequada? Ou a denominação um pouco mais arrojada mas bastante viril "Escrevi um blog. És lindo, faz-me um filho." servirá para satisfazer a maior parte das pessoas? A discussão está lançada. O debate iminente a esta questão provocará euforia nos leitores, provavelmente. Por isso aproveito para apelar à serenidade e opinião sustentada. É normal que os apoiantes do "Escrevi um blog. E agora, o que faço?" sejam na sua maioria homens desempregados ou jovens adolescentes com demasiado tempo livre em mãos. Por outro lado, os partidários do "Escrevi um blog. És lindo, faz-me um filho." serão possivelmente mulheres, solteiras, entre os 16 e 21 anos, visionárias e com extensos seios. Ou um internauta pedófilo.
Qualquer que seja o título do blog, o importante é o seu conteúdo. Parvamente, o autor destas composições não tem uma mentalidade fixa, um olhar objectivo, denotativo, sobre as diversas temáticas que quer abordar. Ontem, as papoilas do meu quintal eram suaves pêndulos escarlates deliciados pelo sabor do vento, num vai-vem natural, agitando o ambiente cinzento e parado provocado por um céu fechado de nuvens, sem alegria. Hoje, as pobres papoilas eram apenas plantas de um ecossistema dinâmico da biosfera, produtores na sua cadeia alimentar, realizam a fotossíntese e, nesta altura do ano, com o receptáculo aberto e com os estames preparados. Ter exame de Biologia na próxima semana arrasa o espírito conotativo de uma pessoa.
Portanto, conto com as opiniões sensatas dos exigentes leitores. Pensei bastante antes de voltar a tocar neste blog, para mim um fracasso, uma mistura de emoções sem sentido, que baralhava os sentidos seguidores. Com o passado deste espaço aprendi que é fácil tomar uma iniciativa, mas é difícil mantê-la dentro das perspectivas tão distintas de quem seguia este pedaço de mim.