domingo, 31 de julho de 2016

Diversão

Um pequeno reparo:

As pessoas são divertidas.
Umas fingem-se tristes;
Outras fingem-se mais alegres.
Mas todas são divertidas.
Divertidas - isto é - procuram diversão.
Não para sorrir ou despejarem o pensamento,
Não para se distraírem ou se entreterem...
Diversão de quererem mudar o paradigma
Das suas vidas com frequência - não assentarem na mesma página.
Diversão tão consistente que a única constante que temos é essa mesma - diversão.
As pessoas com que as pessoas se dão alteram-se.
Os empregos e as faculdades são um delta curto.
Os passeios em tardes solarengas (com a decência meteorológica
De se estar bem na rua a andar em ruas estreitas por estreitas passagens)
São coisas que à noite já não existem.
Somente a diversão - sim, a diversão...
Somente com isso contamos para que exista variação de ritmos
E paisagens e passagens - senão era tudo uma questão de sabermos
Todos os segredos particulares das rotinas - e assim a vida não seria divertida.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Ofélia

Sabe, bebé lindinha...
Olho para si com vontade
De a encher de beijinhos
Para matar a saudade.

Olhe, bebé fofinha...
Eu cá a espero um dia
Para ver como queria
Que o menino se portasse.

Porque eu sou o seu pequenino,
Com ou sem amor que passasse!
E tantas coisas com tino

Que lhe escrevi do coração...
Para sempre, o seu menino:
Fernando (Nininho)

sábado, 9 de julho de 2016

Olha, Margarida

Olha, Margarida.
Não me olhes assim quando estou bêbado.
Tu gostas...
Não gostas?
Gostas - vejo-te sorrindo por detrás das tuas covinhas que tentas disfarçar.
Ri-te sem pesar - eu gosto quando sorris...
Como gostas quando tenho bebedeiras...

Olha, Margarida...
A vida é senão uma bebedeira gigantesca.
Quando formos velhos não vamos estar mais sóbrios,
Apenas mais cansados.
Quando morrermos não vamos acordar no dia seguinte ressacados
Porque a morte é a cura que desejamos encontrar em vida.
Margarida... Bebe mais comigo e podemos ambos estar
Sãos de consciência e desequilibrados de equilíbrio.
A vida é senão o mote engraçado da morte,
Por isso precisamos de mais vinho e aguardente forte -
Sabes, para nos rirmos um bocadinho.

Olha, Margarida!
Todos nós temos amigos mais próximos e menos próximos.
Mais próximos e menos próximos da morte, quero eu dizer...
Tu és minha amiga, Margarida, mas próximo de nós, que eu enxergue
Com os meus olhos semiabertos, apenas está uma garrafa de vinho.
É vinho bom - prova mais!
Bebamos e brindemos com um copo cheio - e depois com outro!

Porque olha, Margarida...
O vinho não se acaba, já que tenho a sensação que a bebedeira é eterna.