quarta-feira, 26 de março de 2014

O que tem Dublin que a gente não tem

Em Dublin ninguém sente a poesia
Porque em Dublin não há poetas.

Em Dublin há pubs em demasia
Tentando apagar as metas
Do mundo marcado em Inglês.

Nunca fui a Dublin, mas já fui lá.
Vi a cidade lendo - não mais de três -
Contos inacabados do que lá há.

A Gente de Dublin, de Joyce,
Critica não chegando a criticar.
Lendo pouco, porém, mói-se
Quem as palavras não estranhar.

terça-feira, 18 de março de 2014

sábado, 8 de março de 2014

Por seres mulher

Em ti, que tudo sustentas,
Há um sorriso em qualquer
Situação: tu que me tentas,
Assim, só por seres mulher.

Em ti existem mil homens
Em sentimentos: e tu mentes.
À mentira dás as ordens
Que por seres mulher sentes.

Em ti, Força que tudo aguenta,
Há a Vida de todos em gestação:
Mas não a de quem não entender
O tudo que as mulheres são.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Contra o tempo

O que faço e o que falho,
Para a tristeza de alguns,
É tudo o que faço e falho.

O que hei-de fazer,
E isto custa a dizer:
Há já sido sempre feito.

A origem das coisas,
Físicas e metafísicas,
Pelo poder da explicação,
Ou nalguns casos - falta dela,
É compreendida na acção
Entre Deus e o Homem de cela.

Por menos preso que esteja
O Homem quer-se libertar:
Conhecendo o que festeja
Na Física e Filosofia a amar.

E é por isso, tanta vez,
Que falho e falharei:
Ora passar-se-à um mês
E eu nada almejarei.

sábado, 1 de março de 2014

Olhar de um velho

Quanta paixão perdida
Há no olhar de um velho.

Na escura sala escondida
Repousa o revólver vermelho;
Outrora puro e sem lágrimas.

Esta arma secreta à casa
Não devolve às suas vitimas
O que nunca ousou retirar:
A vida que precisa de amar
A morte que nunca se cansa.

Que ritmo tem esta mudança...

Na guerra onde o velho andou
Houve tiros destroçando vidas,
Sonhos e esposas perdidas:
Ódio até que a Morte se cansou.
Mas na guerra onde o jovem
Com olhar cansado permanece
Tem cores onde sonhos dormem:
O amor da vida não desaparece.