sexta-feira, 22 de maio de 2015

Para sempre pequeno

Quando eu era grande, só queria ser pequeno.
Não via futuro nas coisas vãs do mundo
E os grotescos homens que me acompanhavam
Não transbordavam bondade para ninguém.

Um dia fui para a cidade e parei de crescer.
Somente isso. Uma dolorosa ruptura instanciada
Pelo estudo das coisas todas que aprendia,
Quais me faziam compreender tudo o que não
Compreendia e me retiravam daquela confortável
Ignorância platónica onde tão bem sabia estar.

Aprender é ficar adulto para sempre. A-E-I-O-U.
(Mas ninguém fica permanentemente garoto e as
Garotices são sem dúvida coisas de gente crescida.)

Classes, objectos, linguagens de computadores?
Sistemas digitais e bases de dados relacionais?

Nada me admira eu andar a aprender a falar
Com máquinas absurdas. Afinal, as máquinas
Ficam para sempre crianças na sua absurdez.

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