sábado, 1 de junho de 2013

Quinze minutos sono adentro

Deitei-me sóbrio na conclusão de chegar por via do adormecimento até ti. Sabia que haverias de chegar bela, sinuosa, pela rua que eleva a condição de cidade a marco de identificação ideológica, que chegarias no teu pé de dança doirado, descalça pela noite. A rua, toda ela de calçada preta e argilosa nas bordas que delimitavam a tua paixão fervorosa de estaca meia do meu pensamento, enche-se de luar brilhante, pois tu, Lua sim, beleza sim, preenches o universo por coexistência acidental. E amas-me, e aproximas-te, e beijas-me. Em vão, que tudo é limitado por momentos, todos eles encadeados direccionalmente para um momento geral que não é mais que um particular intervalo de tempo, delta o chamam, minúsculo para o infinito mais pequeno, maiúsculo para o infinito que não se conta, ávido sol de pouca dura do que fazemos onde não estamos e do que queremos fazer porque estamos, pelo menos, na árvore da vida. E massajas-me o rosto com as mãos suaves de algodão, e encaras-me directamente no olhar, e aproximas-te, e beijas-me. Não sintas o meu afecto que ele é duvidoso; não beijes meus lábios pois minha alma encontra-se num mar de podridão, não me amas porque não existe amor.
Um paraíso estendido ao sonho de acordar mais tarde, quando a realidade desaparece.

Aequalis aequalem delectat.

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