quarta-feira, 27 de junho de 2012

Poema em linha reta

Porque é que no mundo não existe
alguém que me diga com a voz triste:
"não fui capaz, desisto"
"não consigo vencer isto!"?

Porque é que no mundo não existe
quem tivesse levado porrada?
Quem tenha pedido sem pagar,
quem tivesse ficado sem nada?

Mas eu, sempre sujo, sempre vil,
grotesco, mesquinho, arrogante,
indesejado, incompreensivelmente
abandonado, indesculpavelmente abocanhado.

Estou farto de perfeições,
não há gente neste mundo,
ninguém cai moribundo,
vivem todos nas suas ilusões.


Inspirado em Álvaro de Campos

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