sábado, 18 de março de 2017

Nadando em dinheiro

Coitados daqueles três farrapados seminus mortos na rua.
Cobriram-nos com um cobertor pois cheiravam mal - cheiravam a podre.

Há três dias a polícia de intervenção varreu as ruas da capital
E o que resta hoje é uma triste calma.
A oposição não existe mais...

Dizia no jornal diário com impressionante tiragem
Que o país corre como três rodas dentadas interligadas.
O jovem líder eleito há três meses é o óleo que as lubrifica de modo
A tudo funcionar suave e ininterruptamente.

São políticas velhas vindas de ideias novas
Que começam nas promessas de coisas vagas
E colidem na liberdade de deixarmos que pensem por nós.
Afinal, é confortável assim: pensar é um risco enorme.
Se não for necessário recorrer ao pensamento
Haverá emprego para todos porque as organizações
Terão toda a sua frente humana pronta a obedecer.

Clicar, consumir e obedecer - clicar, consumir e obedecer.
Enquanto, nadando em dinheiro, o rechonchudo capital
Devora a carne picada que varre as ruas e as torres corporativas.

Oxalá o comunismo seja melhor - que faça rir enquanto choramos.

Sem comentários:

Enviar um comentário