sábado, 9 de fevereiro de 2013

Isaac Newton, sir!

Hoje escreverei livremente.
Há dias em que a capacidade cognitiva humana depende da capacidade sensível e emocional, que é moldada pela sociedade. Houve talvez uma personalidade histórica - fascinantemente admirada por mim - que privou continuamente da sua vida a dicotomia entre a razão concreta e os sentimentos abstractos.
Hábitos consistentes eram a sua arma secreta para manter a mente superior ao coração, fazendo deles uma realidade que o prejudicou socialmente mas que o colocou num nível intelectual inédito até hoje. Honro neste dia, tão vulgar como os outros, um homem tão vulgar como os outros: Isaac Newton. Habitualmente abordo conceitos abstractos neste blog, mas mesmo assim existe algo tão abstracto neste inglês que interdita o pensamento de o compreender.
Haveremos portanto de começar com o oxímoro que foi a vida dele:
Havia passado um ano desde que obtivera o diploma que o qualificava em Humanidades, curso que pouco o entusiasmava e resultado de um usufruto de uma bolsa de estudo obtida por ser tão habilitado à Matemática do seu século, quando a peste que clareza não trazia tomou por assalto a Inglaterra cosmopolita, em 1665. Herdeiro de uma quinta que à sua infância assitira, o jovem Isaac isolou-se por dois anos da peste, do mundo, das pessoas, do dinheiro, dele próprio e de todas as partes que o constituíam. Hesitante, guardou para si a única coisa que os outros queriam: o seu pensamento; não sem antes se interrogar como um filósofo de consequências e actos deliberados. Hasteou a bandeira da sua existência no seu pensamento concreto por opção própria e por vivências que curtas ainda eram. Hospedou nele o raciocínio daquilo que ainda não se via mas que estava presente nos olhos de todos: a gravidade, a mecânica e a matemática das coisas que estão ao pé dos homens, ignoradas aos olhos de Deus. Homem de objectivos, Newton passou a conhecer, nesse período entre 1665 e 1666, tudo o que ainda ninguém ousara conhecer de forma tão aprofundada e clarificada, excepto Galileu Galilei que experimentou tudo, viu tudo e captou a atenção de todos; até de Deus, excepto que o italiano Deus é diferente dos outros. Homenageando assim esse homem que morrera para que nascesse, Newton, com apenas 24 anos, já era um brilhante físico, matemático, cientista e, muito importante, agricultor. Historiadores, porém, não confirmam o episódio mais famoso da sua vida, que supostamente acontecera durante estes Anni Mirabiles de 1665-1666: a maçã que lhe caíra na cabeça e a inspiração que esse acontecimento lhe proporcionara para investigar e descobrir os fenómenos adjacentes à atracção gravítica entre os corpos.
Há nestes dois anos uma intensa actividade intelectual, auxiliada principalmente pelos factores determinante do seu isolamento: peste e pessoas, e embora as duas se confundam, penso que as pessoas são a principal causa dos afastamentos sociais. Houve neste inglês uma repulsa pela sociedade daquele tempo que, obviamente, não o compreendia, resultando num auge cognitivo, numa afirmação ideológica e criação científica.

Hoje, portanto, interrogo-me acerca da verdadeira essência do cogito: será o isolamento a única opção? Haverá na interacção social um motor que favoreça o pensamento e criação de ideologias e novidades? Honrarei sempre a experiência social com a experiência intelectual, penso que se complementam e a última fornece à novidade um motor de expansão social.

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