segunda-feira, 8 de abril de 2013

Creio nas coisas que vejo,
como na caneta física que escreve
tinta contínua, numa limitada
carga ou grafite carbónica.

Creio em coisas que nunca vi
por me encontrar num estado
inerte, sem esforço para querer ver
algo em que creio e sei existir.
Que seja um planeta longínquo,
num sistema estelar brilhante, onde
qualquer Deus é um Deus central
que crê em qualquer eu existente por lá.

Mas de mim nada vem senão dúvidas,
interrogações que conheço, que me
fazem impossível na crença própria.
Vejo-me existente num mundo
feito de coisas tocáveis, limitadamente
contáveis, que funcionam por
estranhas leis estáveis e reais.

Confundo crença com existência,
onde nada significa tudo. Onde não
existem limites fronteiriços, que onde
uma realidade não acaba para
que a contrária comece.

Vejo-me como um viajante na
filosofia de locomotiva, que pensa
num veículo em movimento,
limitado por um vidro transparente
em que a realidade aparece distorcida,
mas o que é real é o pensamento.

Só em mim me sinto completo.
Mas não quero nada.
Que poderia eu querer?
Neste tempo que limita o nascimento
a uma morte próxima, que varre tudo
e não deixa o progresso existir,
tudo arrasa a vontade de querer algo.

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