sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sozinho

Num recinto barulhento,
nem eu conseguia ouvir
aquele doce tormento
que me fazia sentir,
vindo do meu pensamento.

O som, porém, era lento.
Alguns queriam até sorrir,
de ironia, de descontentamento,
pelo que estava para vir.
Como lhes servisse de alento...

Eu parava, escutava e olhava,
tudo o que fora de mim estava
me vinha com ligeiro atraso.
Aos outros viria, com muito arraso,
no tempo certo, porque tais
eram todos os mesmos iguais.

Eu era só um, alguém
que pensava sozinho.
Os outros, não eram ninguém.
Esperavam que o seu caminho
fosse único e feliz, sem
coincidir com o que alinho.

Estão distantes do olhar, agora.
Questionava-me acerca do som,
o que gerava a sua demora?
Era a razão que num só tom
me fazia saber a hora
a que meu glorioso dom
me deixava ir embora

desse desassossego ocioso.
Foram sozinhos sem barulho
com correntes e ar penoso,
foram guardados do orgulho
ingénuo, bárbaro e avultoso.

Aí fui só eu, de coração
latejante e alma perdida,
mas com qualquer razão
sobrante posta em medida,
para abraçar a solidão
alcançada  pela verdade destemida.

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