Hoje em dia não tenho sido eu.
Tenho dado conselhos indecentes,
tenho visto outros na minha alma,
o meu instinto revisto nessas mentes
que dizem sentir com maior calma.
Não estão todavia espelhados perante
eles meu sentimento sombrio, titubeante.
Tenho dito que tudo vale a pena,
já que é vã a vida e passa uma vez,
como uma tarde agradável e serena,
um sentir único guardado na lucidez
futura, aguardada intocável quando
a fria água última fica a alma esperando.
Oh, tenho falsamente mentido tanto,
sofrendo horríveis angustias alheias,
inspirando transtornos com quanto
pesar me é possível, dividir a meias
sentimentos permanentes revisitados,
situações de amores ambicionados.
Meu coração frágil palpita como fino
brinquedo inquebrável na mão
desocupada daquele brincalhão
que escreve sinuoso, que é o Destino.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
domingo, 24 de fevereiro de 2013
O que é o amor?
Já me interroguei várias vezes e de diversas maneiras: o que é o amor? Uma pergunta tão curta, tão simples e tão fácil de surgir, mas dificílimo - se não impossível - de responder concreta e definitivamente.
Confesso que numa primeira abordagem à temática mais abstracta que o divino ser Humano consegue almejar senti a necessidade de indagar por caminhos que outros tomaram para explicarem ideologicamente o que é afinal, o amor. Procurei na wikipedia esse abstraccionismo sentimental e poucos minutos depois, por via de encaminhamentos de conceitos e páginas dentro desse verbete, estava perante platonismos e outras filosofias aborrecidas com significado incógnito. Esse enfatídico incómodo porém não me prendeu nas estreitas vielas de sentido único da filosofia e achei que o melhor seria expor o meu inocente ponto de vista no blog que amo - parece-me adequado!
O amor, a meu ver, vem com a idade. Não digo que uma criança de 12 anos (mas que escândalo considerar que alguém com 12 anos ainda é criança) não possa sentir amor verdadeiro e genuíno, mas digo que ama sem saber ou pensa que ama e não ama. Isto significa que na adolescência acontecem metamorfoses psicológicas que tornam a mente indisciplinada, já que é notória a falta de interesse de grande parte dos adolescentes púberes em conhecer este belo sentimento, em sentir as suas inexplicáveis sensações e em viver uma dualidade única com a pessoa amada. Infelizmente caminhamos para modelos de adolescência cada vez mais automáticos, ou seja, cada vez mais influenciados por situações socialmente maciças, que privilegiam os sentimentos fingidos e negativos. Porém, os adolescentes são únicos no aspecto criativo, conseguem superar qualquer realidade que os limite - o sentimento do amor é uma delas - apenas pela força de vontade, visto que ainda têm tantas vivências pela frente. Ora, este processo é quase inconsciente, mas necessário - a espécie humana tem que ser espontânea, fluída e criativa.
Voltando ao amor, desta feita em relação aos adultos, mas adultos com experiências e consequências aprendidas na adolescência, considero que é um dos sentimentos que comanda a pessoa e rege escolhas e possibilidades, traçando assim caminhos para a vida. O amor não é só interpessoal, (se bem que a mais bonita forma dele seja, a meu ver, entre duas pessoas) pois existe também o amor próprio, que tanta importância tem na auto-estima e consequentemente no processo de "conquista amorosa"; o amor colectivo, entre as famílias, amigos e um dos intervenientes na "zona da amizade"; e o amor divino ou, como gosto mais, amor filosófico, que é o sentimento de devoção e adoração de uma entidade divina - vulgo deus/Deus- ou entidade abstracta, como elementos da natureza ou o próprio conhecimento. Todas estas formas de amor e demonstração afectiva são bastante válidas, mas todas implicam a abdicação de ideais físicos, de coisas concretas, da realidade terrena, para que as vivências sentimentais sejam magnificadas. ("fazer amor" é uma situação onde o físico tem uma importância tremenda, por isso acho que o meu raciocínio tem lacunas.)
Portanto, as minhas considerações finais recaem no aspecto mais belo da vida humana - o amor interpessoal, ou entre duas pessoas. Quando digo "entre duas pessoas" refiro-me a pessoas com sexos diferentes, porque aí sim, a beleza do amor acontece. O amor entre um homem e uma mulher é tão maravilhoso como um pôr-do-sol de verão numa praia deserta ou negras amoras que recheiam um doce açucarado e delicioso. E assim, apenas por metáforas e sentidos inconcretos, se pode explicar o sentimento que molda os outros sentimentos.
Confesso que numa primeira abordagem à temática mais abstracta que o divino ser Humano consegue almejar senti a necessidade de indagar por caminhos que outros tomaram para explicarem ideologicamente o que é afinal, o amor. Procurei na wikipedia esse abstraccionismo sentimental e poucos minutos depois, por via de encaminhamentos de conceitos e páginas dentro desse verbete, estava perante platonismos e outras filosofias aborrecidas com significado incógnito. Esse enfatídico incómodo porém não me prendeu nas estreitas vielas de sentido único da filosofia e achei que o melhor seria expor o meu inocente ponto de vista no blog que amo - parece-me adequado!
O amor, a meu ver, vem com a idade. Não digo que uma criança de 12 anos (mas que escândalo considerar que alguém com 12 anos ainda é criança) não possa sentir amor verdadeiro e genuíno, mas digo que ama sem saber ou pensa que ama e não ama. Isto significa que na adolescência acontecem metamorfoses psicológicas que tornam a mente indisciplinada, já que é notória a falta de interesse de grande parte dos adolescentes púberes em conhecer este belo sentimento, em sentir as suas inexplicáveis sensações e em viver uma dualidade única com a pessoa amada. Infelizmente caminhamos para modelos de adolescência cada vez mais automáticos, ou seja, cada vez mais influenciados por situações socialmente maciças, que privilegiam os sentimentos fingidos e negativos. Porém, os adolescentes são únicos no aspecto criativo, conseguem superar qualquer realidade que os limite - o sentimento do amor é uma delas - apenas pela força de vontade, visto que ainda têm tantas vivências pela frente. Ora, este processo é quase inconsciente, mas necessário - a espécie humana tem que ser espontânea, fluída e criativa.
Voltando ao amor, desta feita em relação aos adultos, mas adultos com experiências e consequências aprendidas na adolescência, considero que é um dos sentimentos que comanda a pessoa e rege escolhas e possibilidades, traçando assim caminhos para a vida. O amor não é só interpessoal, (se bem que a mais bonita forma dele seja, a meu ver, entre duas pessoas) pois existe também o amor próprio, que tanta importância tem na auto-estima e consequentemente no processo de "conquista amorosa"; o amor colectivo, entre as famílias, amigos e um dos intervenientes na "zona da amizade"; e o amor divino ou, como gosto mais, amor filosófico, que é o sentimento de devoção e adoração de uma entidade divina - vulgo deus/Deus- ou entidade abstracta, como elementos da natureza ou o próprio conhecimento. Todas estas formas de amor e demonstração afectiva são bastante válidas, mas todas implicam a abdicação de ideais físicos, de coisas concretas, da realidade terrena, para que as vivências sentimentais sejam magnificadas. ("fazer amor" é uma situação onde o físico tem uma importância tremenda, por isso acho que o meu raciocínio tem lacunas.)
Portanto, as minhas considerações finais recaem no aspecto mais belo da vida humana - o amor interpessoal, ou entre duas pessoas. Quando digo "entre duas pessoas" refiro-me a pessoas com sexos diferentes, porque aí sim, a beleza do amor acontece. O amor entre um homem e uma mulher é tão maravilhoso como um pôr-do-sol de verão numa praia deserta ou negras amoras que recheiam um doce açucarado e delicioso. E assim, apenas por metáforas e sentidos inconcretos, se pode explicar o sentimento que molda os outros sentimentos.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Sozinho
Num recinto barulhento,
nem eu conseguia ouvir
aquele doce tormento
que me fazia sentir,
vindo do meu pensamento.
O som, porém, era lento.
Alguns queriam até sorrir,
de ironia, de descontentamento,
pelo que estava para vir.
Como lhes servisse de alento...
Eu parava, escutava e olhava,
tudo o que fora de mim estava
me vinha com ligeiro atraso.
Aos outros viria, com muito arraso,
no tempo certo, porque tais
eram todos os mesmos iguais.
Eu era só um, alguém
que pensava sozinho.
Os outros, não eram ninguém.
Esperavam que o seu caminho
fosse único e feliz, sem
coincidir com o que alinho.
Estão distantes do olhar, agora.
Questionava-me acerca do som,
o que gerava a sua demora?
Era a razão que num só tom
me fazia saber a hora
a que meu glorioso dom
me deixava ir embora
desse desassossego ocioso.
Foram sozinhos sem barulho
com correntes e ar penoso,
foram guardados do orgulho
ingénuo, bárbaro e avultoso.
Aí fui só eu, de coração
latejante e alma perdida,
mas com qualquer razão
sobrante posta em medida,
para abraçar a solidão
alcançada pela verdade destemida.
nem eu conseguia ouvir
aquele doce tormento
que me fazia sentir,
vindo do meu pensamento.
O som, porém, era lento.
Alguns queriam até sorrir,
de ironia, de descontentamento,
pelo que estava para vir.
Como lhes servisse de alento...
Eu parava, escutava e olhava,
tudo o que fora de mim estava
me vinha com ligeiro atraso.
Aos outros viria, com muito arraso,
no tempo certo, porque tais
eram todos os mesmos iguais.
Eu era só um, alguém
que pensava sozinho.
Os outros, não eram ninguém.
Esperavam que o seu caminho
fosse único e feliz, sem
coincidir com o que alinho.
Estão distantes do olhar, agora.
Questionava-me acerca do som,
o que gerava a sua demora?
Era a razão que num só tom
me fazia saber a hora
a que meu glorioso dom
me deixava ir embora
desse desassossego ocioso.
Foram sozinhos sem barulho
com correntes e ar penoso,
foram guardados do orgulho
ingénuo, bárbaro e avultoso.
Aí fui só eu, de coração
latejante e alma perdida,
mas com qualquer razão
sobrante posta em medida,
para abraçar a solidão
alcançada pela verdade destemida.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
There you are
There you are, on the wave beneath
the time, attached to the place you see.
Focused in your illusion, on the relieve
of thousands drowned in the stormy sea.
There you are, at the sparky height of low,
believing on the flawless dream you've been.
Regardless the time and place you follow
the ones who thought they'd never seen.
There you are, beauty prodigy who stare
the light that blurs the pathway to lore.
Turning the soft reality to an harsh nightmare,
you find yourself struggling to go ashore.
There you are, noticing the sweet redemption
that is closer than the wave you were on.
The end is near, the thunder I hear.
You've fallen dead and cold,
the future to your son you sold,
he is now the one who thinks
you'd never seen the thousand sinks.
the time, attached to the place you see.
Focused in your illusion, on the relieve
of thousands drowned in the stormy sea.
There you are, at the sparky height of low,
believing on the flawless dream you've been.
Regardless the time and place you follow
the ones who thought they'd never seen.
There you are, beauty prodigy who stare
the light that blurs the pathway to lore.
Turning the soft reality to an harsh nightmare,
you find yourself struggling to go ashore.
There you are, noticing the sweet redemption
that is closer than the wave you were on.
The end is near, the thunder I hear.
You've fallen dead and cold,
the future to your son you sold,
he is now the one who thinks
you'd never seen the thousand sinks.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Sinédoque
Como tudo é pequeno...
Um coração é pequeno
para tudo o que sente,
não fosse ele sentir
e dar à mente o
poder de decidir
se quer sentir ou
pensar por palavras.
Palavras... Que fazem
falar a mente do coração
que pensa com emoção
e dá à razão motivos
para ser razão racional
relacionada com a ideal
ideia difundida pelo coração.
Um altifalante é um altifalante.
Um megafone é um altifalante.
A boca é um altifalante.
Eu sou um ser falante.
Eu sinto e penso, penso que
quero sentir, fazer o senso
decidir o que penso.
Ideias... Coisas... Tudo...
Cérebro meu que quer
descanso, coração meu
que está cansado,
palavras minhas
que estão gastas.
Corridas aleatórias à
fluência saída do molde
assente no meu
poder de saber que penso.
Estrofe... Como não te cansas?
O ser pensa e a pensar sente.
Um coração é pequeno
para tudo o que sente,
não fosse ele sentir
e dar à mente o
poder de decidir
se quer sentir ou
pensar por palavras.
Palavras... Que fazem
falar a mente do coração
que pensa com emoção
e dá à razão motivos
para ser razão racional
relacionada com a ideal
ideia difundida pelo coração.
Um altifalante é um altifalante.
Um megafone é um altifalante.
A boca é um altifalante.
Eu sou um ser falante.
Eu sinto e penso, penso que
quero sentir, fazer o senso
decidir o que penso.
Ideias... Coisas... Tudo...
Cérebro meu que quer
descanso, coração meu
que está cansado,
palavras minhas
que estão gastas.
Corridas aleatórias à
fluência saída do molde
assente no meu
poder de saber que penso.
Estrofe... Como não te cansas?
O ser pensa e a pensar sente.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Tudo absoluto
Vem comigo passear:
ver o céu e ver o mar
que o espelha tão
claro e relutante, já
que não tem coisa
outra para espelhar.
(Tamanho grande em vão).
Volta-te para mim:
deixa-me o olhar
luzido de louça,
cristal e límpida.
Porcelana pura,
olhos obscuros
na vista de amargura.
Num relance, renasces.
Observas com um olhar
tudo o que conquistaste.
E questionas-te
porque duraste,
como tudo é fugaz:
tudo o que fizeste ou deste.
E não param.
Vêm como pragas.
Invadem a primavera
que é a tua criação,
o teu verão que
flora na imaginação.
São tudo perguntas.
Mas tudo é em vão.
Lacuna de pensamento.
Inutilidade de espaço,
perda de tempo.
Tudo é pequeno
na escala serena
do meu coração pensante.
ver o céu e ver o mar
que o espelha tão
claro e relutante, já
que não tem coisa
outra para espelhar.
(Tamanho grande em vão).
Volta-te para mim:
deixa-me o olhar
luzido de louça,
cristal e límpida.
Porcelana pura,
olhos obscuros
na vista de amargura.
Num relance, renasces.
Observas com um olhar
tudo o que conquistaste.
E questionas-te
porque duraste,
como tudo é fugaz:
tudo o que fizeste ou deste.
E não param.
Vêm como pragas.
Invadem a primavera
que é a tua criação,
o teu verão que
flora na imaginação.
São tudo perguntas.
Mas tudo é em vão.
Lacuna de pensamento.
Inutilidade de espaço,
perda de tempo.
Tudo é pequeno
na escala serena
do meu coração pensante.
sábado, 9 de fevereiro de 2013
Isaac Newton, sir!
Hoje escreverei livremente.
Há dias em que a capacidade cognitiva humana depende da capacidade sensível e emocional, que é moldada pela sociedade. Houve talvez uma personalidade histórica - fascinantemente admirada por mim - que privou continuamente da sua vida a dicotomia entre a razão concreta e os sentimentos abstractos.
Hábitos consistentes eram a sua arma secreta para manter a mente superior ao coração, fazendo deles uma realidade que o prejudicou socialmente mas que o colocou num nível intelectual inédito até hoje. Honro neste dia, tão vulgar como os outros, um homem tão vulgar como os outros: Isaac Newton. Habitualmente abordo conceitos abstractos neste blog, mas mesmo assim existe algo tão abstracto neste inglês que interdita o pensamento de o compreender.
Haveremos portanto de começar com o oxímoro que foi a vida dele:
Havia passado um ano desde que obtivera o diploma que o qualificava em Humanidades, curso que pouco o entusiasmava e resultado de um usufruto de uma bolsa de estudo obtida por ser tão habilitado à Matemática do seu século, quando a peste que clareza não trazia tomou por assalto a Inglaterra cosmopolita, em 1665. Herdeiro de uma quinta que à sua infância assitira, o jovem Isaac isolou-se por dois anos da peste, do mundo, das pessoas, do dinheiro, dele próprio e de todas as partes que o constituíam. Hesitante, guardou para si a única coisa que os outros queriam: o seu pensamento; não sem antes se interrogar como um filósofo de consequências e actos deliberados. Hasteou a bandeira da sua existência no seu pensamento concreto por opção própria e por vivências que curtas ainda eram. Hospedou nele o raciocínio daquilo que ainda não se via mas que estava presente nos olhos de todos: a gravidade, a mecânica e a matemática das coisas que estão ao pé dos homens, ignoradas aos olhos de Deus. Homem de objectivos, Newton passou a conhecer, nesse período entre 1665 e 1666, tudo o que ainda ninguém ousara conhecer de forma tão aprofundada e clarificada, excepto Galileu Galilei que experimentou tudo, viu tudo e captou a atenção de todos; até de Deus, excepto que o italiano Deus é diferente dos outros. Homenageando assim esse homem que morrera para que nascesse, Newton, com apenas 24 anos, já era um brilhante físico, matemático, cientista e, muito importante, agricultor. Historiadores, porém, não confirmam o episódio mais famoso da sua vida, que supostamente acontecera durante estes Anni Mirabiles de 1665-1666: a maçã que lhe caíra na cabeça e a inspiração que esse acontecimento lhe proporcionara para investigar e descobrir os fenómenos adjacentes à atracção gravítica entre os corpos.
Há nestes dois anos uma intensa actividade intelectual, auxiliada principalmente pelos factores determinante do seu isolamento: peste e pessoas, e embora as duas se confundam, penso que as pessoas são a principal causa dos afastamentos sociais. Houve neste inglês uma repulsa pela sociedade daquele tempo que, obviamente, não o compreendia, resultando num auge cognitivo, numa afirmação ideológica e criação científica.
Hoje, portanto, interrogo-me acerca da verdadeira essência do cogito: será o isolamento a única opção? Haverá na interacção social um motor que favoreça o pensamento e criação de ideologias e novidades? Honrarei sempre a experiência social com a experiência intelectual, penso que se complementam e a última fornece à novidade um motor de expansão social.
Há dias em que a capacidade cognitiva humana depende da capacidade sensível e emocional, que é moldada pela sociedade. Houve talvez uma personalidade histórica - fascinantemente admirada por mim - que privou continuamente da sua vida a dicotomia entre a razão concreta e os sentimentos abstractos.
Hábitos consistentes eram a sua arma secreta para manter a mente superior ao coração, fazendo deles uma realidade que o prejudicou socialmente mas que o colocou num nível intelectual inédito até hoje. Honro neste dia, tão vulgar como os outros, um homem tão vulgar como os outros: Isaac Newton. Habitualmente abordo conceitos abstractos neste blog, mas mesmo assim existe algo tão abstracto neste inglês que interdita o pensamento de o compreender.
Haveremos portanto de começar com o oxímoro que foi a vida dele:
Havia passado um ano desde que obtivera o diploma que o qualificava em Humanidades, curso que pouco o entusiasmava e resultado de um usufruto de uma bolsa de estudo obtida por ser tão habilitado à Matemática do seu século, quando a peste que clareza não trazia tomou por assalto a Inglaterra cosmopolita, em 1665. Herdeiro de uma quinta que à sua infância assitira, o jovem Isaac isolou-se por dois anos da peste, do mundo, das pessoas, do dinheiro, dele próprio e de todas as partes que o constituíam. Hesitante, guardou para si a única coisa que os outros queriam: o seu pensamento; não sem antes se interrogar como um filósofo de consequências e actos deliberados. Hasteou a bandeira da sua existência no seu pensamento concreto por opção própria e por vivências que curtas ainda eram. Hospedou nele o raciocínio daquilo que ainda não se via mas que estava presente nos olhos de todos: a gravidade, a mecânica e a matemática das coisas que estão ao pé dos homens, ignoradas aos olhos de Deus. Homem de objectivos, Newton passou a conhecer, nesse período entre 1665 e 1666, tudo o que ainda ninguém ousara conhecer de forma tão aprofundada e clarificada, excepto Galileu Galilei que experimentou tudo, viu tudo e captou a atenção de todos; até de Deus, excepto que o italiano Deus é diferente dos outros. Homenageando assim esse homem que morrera para que nascesse, Newton, com apenas 24 anos, já era um brilhante físico, matemático, cientista e, muito importante, agricultor. Historiadores, porém, não confirmam o episódio mais famoso da sua vida, que supostamente acontecera durante estes Anni Mirabiles de 1665-1666: a maçã que lhe caíra na cabeça e a inspiração que esse acontecimento lhe proporcionara para investigar e descobrir os fenómenos adjacentes à atracção gravítica entre os corpos.
Há nestes dois anos uma intensa actividade intelectual, auxiliada principalmente pelos factores determinante do seu isolamento: peste e pessoas, e embora as duas se confundam, penso que as pessoas são a principal causa dos afastamentos sociais. Houve neste inglês uma repulsa pela sociedade daquele tempo que, obviamente, não o compreendia, resultando num auge cognitivo, numa afirmação ideológica e criação científica.
Hoje, portanto, interrogo-me acerca da verdadeira essência do cogito: será o isolamento a única opção? Haverá na interacção social um motor que favoreça o pensamento e criação de ideologias e novidades? Honrarei sempre a experiência social com a experiência intelectual, penso que se complementam e a última fornece à novidade um motor de expansão social.
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