Em tempos estavam todos comigo.
Tinham o bolo guardado
e velas postas de lado,
numa alegria contínua.
Era tudo brincadeira.
Vinham então à minha beira:
Que crescido estás! Quantos faz?
Mas eu dizia que era da bebedeira
a queda que fingia,
para que se rissem.
Ou para que assim vissem
que o rapaz por fora crescia
mas a criança permanecia
na brincadeira doce e tenra.
Hoje poucos me vêem.
O bolo permanece,
mas a alegria retrocessa.
Tiraram-me dias e anos.
Tiraram-me gentes que antes
viam o rapaz no centro da mesa
a sorrir e a soprar... Só a soprar...
Oh identidade divina,
que faço eu comigo próprio?
Com que brinco agora
que perdi o brinquedo?
Tenho a idade de brincar,
nunca antes quis mais.
Ah! Soubesse eu naquela hora!
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