Nada nem ninguém extingue o amor que
Pelo teu dócil homem guardas no coração.
Nádia nasceste e para o amor és serva -
Mas ele tornou-te severamente cega.
Antigamente juravas em lágrimas e oração
Que nunca te apanhariam prisioneira na vida.
Hoje em dia, Nádia, não acordas e estás sentida!
As lágrimas são de dor - não de amor, Nádia!
Amanhã serás velha. Cansada e gasta - uma lástima.
Terás rugas e não serás atraente - e o amor?
Onde estará ele, esse que chamas amor?
Nádia - não deixes a tua vida para a última...
Só que se já vives com alguém, e te sentes
Bem, valerá convenceres-me que mentes?
segunda-feira, 30 de maio de 2016
terça-feira, 24 de maio de 2016
Matilde
Matilde, filha de Mafalda e Infanta de Portugal,
O país viste nascer e teu pai bélico conquistar.
No século doze não se avistava de Coimbra o mar,
Mas graças à força que deste ao rei-teu-pai ancestral,
Mais cidades houve abaixo do Tejo, mais riqueza
Vimos nascer, mais mouros acabaram por morrer.
Matilde, eras princesa pequena e sem certeza
Quando se formou a terra dos poetas sem-querer.
Hoje, Matilde, vês o mundo no alto das luzes.
Respeitar a tua perspetiva ensina o mais persistente
Homem a vangloriar o teu sincero coração radiante,
Muda conjuntos de pensamentos e cria filosofias -
Porque és Matilde encarnada na estética e metafísica,
Mas com uma juventude inocente que nunca acabará.
O país viste nascer e teu pai bélico conquistar.
No século doze não se avistava de Coimbra o mar,
Mas graças à força que deste ao rei-teu-pai ancestral,
Mais cidades houve abaixo do Tejo, mais riqueza
Vimos nascer, mais mouros acabaram por morrer.
Matilde, eras princesa pequena e sem certeza
Quando se formou a terra dos poetas sem-querer.
Hoje, Matilde, vês o mundo no alto das luzes.
Respeitar a tua perspetiva ensina o mais persistente
Homem a vangloriar o teu sincero coração radiante,
Muda conjuntos de pensamentos e cria filosofias -
Porque és Matilde encarnada na estética e metafísica,
Mas com uma juventude inocente que nunca acabará.
quarta-feira, 18 de maio de 2016
Antibes à noite
Dois homens, pescando no breu,
Com lamparinas fracas chamam ao isco o peixe.
Agachado no barco, um alcança a água
Com um fio curto, qual dificuldade é pescar quando nada se vê.
O outro, com uma forquilha de quatro dentes,
Tenta dissimular um peixe gordo que, curioso, veio ao cimo da água.
Peixe - essa tua fuga ao que és te condenou à fogueira.
Mosquitos e traças compõem a atmosfera envolvente,
O que seria de esperar, porque a noite tem distúrbios naquele lugar.
As traças não incomodam os homens, que para a tarefa de apanhar
Algum peixe decente, têm de se imaginar eles-próprios peixes.
E os mosquitos são temporários - a fome é perpétua.
Na margem, duas moças. Uma, de bicicleta em punho
Saboreia um sensual gelado chamativo.
Os pescadores ignoram. Gelado, corpo de mulher? Isso não é pesca.
A outra, de delgada figura, pousa acenando aos homens e sua arte.
Quem são estas mulheres?
Quem são estes pescadores?
O do arpão prestes a concluir a sua tarefa?
O da linha, abaixado, com dificuldade em ver os peixes?
Será um o presente e o outro o passado?
A mulher do gelado é a tentação? A mulher fina a resolução?
Não se sabe.
Apenas que à beira de Antibes estão dois pescadores pescando na noite
E duas mulheres pescando a noite na vila fantasmagórica.
(Mais informação e obras de Picasso no Artsy)
sexta-feira, 13 de maio de 2016
Metade da cidade
Confortável, no jardim central da cidade,
É possível olhar panoramicamente
Para a tristeza generalizada daquele lugar.
O velho moribundo pedindo na rua em frente;
O cheiro nauseante do aterro descoberto ao lado;
Do outro, o centro de negócios engravatado.
O engenheiro milionário, no seu carro eléctrico,
Tira uma fotografia ao que lhe convém.
Sai do carro apressado, à espera está o cliente e
Murmura para o sr. dr: "olhe que bem!".
Dá início ao negócio; trezentos milhões naquele encontro.
Mas o velho em frente, fazendo o que pode,
Dá milho aos pombos, sorridente.
Ele era o engenheiro do negócio que nunca surgiu.
É possível olhar panoramicamente
Para a tristeza generalizada daquele lugar.
O velho moribundo pedindo na rua em frente;
O cheiro nauseante do aterro descoberto ao lado;
Do outro, o centro de negócios engravatado.
O engenheiro milionário, no seu carro eléctrico,
Tira uma fotografia ao que lhe convém.
Sai do carro apressado, à espera está o cliente e
Murmura para o sr. dr: "olhe que bem!".
Dá início ao negócio; trezentos milhões naquele encontro.
Mas o velho em frente, fazendo o que pode,
Dá milho aos pombos, sorridente.
Ele era o engenheiro do negócio que nunca surgiu.
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