quinta-feira, 26 de julho de 2012

Bagunça de Assuntos

O que dói mais? Ter um prego entre a unha e a carne do dedo grande do pé e dar uma biqueirada na parede ou sofrer por amor? Claramente a primeira. Digam o que disserem, não há dor inigualável. Até me dá arrepios só de pensar. Todavia, grande parte dos adolescentes hoje em dia receia que o lancinante sentimento do amor mais cedo ou mais tarde resulte numa aflição psicológica que, violentamente, possa manietar e controlar todas as acções do indivíduo. Bem, na verdade até não. Os adolescentes não querem saber nada disso. Tudo o que receiam é materializado.
As adolescentes, no entanto, querem fazer fotografia quando nem sabem o que a palavra significa. Querem ouvir os rapazes dizerem que são bonitas para que, satisfeitas, os possam ignorar e desprezar. Querem também receber "gostos" nas fotografias que publicam no Facebook, não interessando que parecem ridículas com um sorriso manchado e ingénuo, ou "patamente abocanhadas". Eu próprio gosto de "gostos", quem não, de direito? Foi, de facto, a grande invenção, depois da roda. O "gosto" mudou jovens acneicos para verdadeiros gigolôs da avaliação física de raparigas seminuas - acreditem, eu sei do que estou a falar. O "gosto" permitiu que pessoas, consideradas tímidas, pegassem em seus aparelhos de registo fotográfico e o utilizassem ao contrário, literalmente, com a objectiva direccionada para o simultâneo motivo e fotógrafo, ficando o visor à responsabilidade da atmosfera que, se Deus ajudar, criará então o plano focal desejado pelo sujeito que pega na máquina. Parece-me simplesmente absurdo, depois de analisar a situação. Resulta num subconsciente paradoxo fotográfico! Ou bem que se é o fotógrafo ou bem que se dá a fotografar. Talvez possamos considerar que, neste caso, a atmosfera seja o fotógrafo. Nesse caso, o paradoxo está resolvido.

E o mais engraçado é que nesta "bangunça de assuntos" (reparem que significa o mesmo que a tão venerada "mixórdia de temáticas") se encontra a minha perfeita e apurada descrição. Se quero criticar, mais vale começar por criticar o alvo mais fácil e a realidade que mais conheço: eu.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A luz apagou-se

Consigo tocar nas estrelas
porque as consigo alcançar.
São misteriosas, luminosas
são o astro divinal.

Consegui, sem querer, lá mexer
naquele distante ponto que
encanta o vagabundo navegante;
que aquece o coração de quem a acolher.

Mas a estrela afastou-se,
parou de traçar o rumo do pobre vagabundo,
o sentido inexistente pareceu desaparecer,
todo o seu esforço se desmoronou.

Dissipe-se a traidora luminosidade
irradiada pela desleal estrela miserável!
Que eu próprio encanto o pobre mendigo;
que se concretize a ideia que o trouxe àquele trilho afável.

domingo, 8 de julho de 2012

AMOR

Quem nunca se sentiu aprisionado pelo implacável sentimento que nos afecta, sobretudo, o coração? Quantas vezes tentamos agir de maneira racional, coerente? Mas esse esforço transforma-se num absurdo desperdício, uma vez que o amor não possui um modo lógico de existir. Todas as palavras conjugadas no meu pensamento são insuficientes para o ritmo avassalador que o nosso coração impõe face ao estímulo da percepção sentimental. É simplesmente absurdo, irracional, irreal. Esta emoção consome o espírito humano impiedosamente; faz-nos sentir meros fantoches, controlados pela realidade incontornável que habita dentro da nossa realidade sensível.
Cessem a paixão e a afeição física. Apague-se a chama fria do apego incoerente, porque não sabem o que é o sofrimento amoroso, o verdadeiro significado da dedicação amarga que recai nas quatro letras que mais mágoa oferece ao órgão central. Sentimentos desnecessariamente essenciais para a criação da divinal emoção. Não se consegue controlar, não se consegue descrever.
Nem sempre esta emoção causa uma discrepância tão abrupta entre a realidade cognitiva e a sensibilidade humana. Porém, a falta de vivência sentimental e o desejo de alcançar a verdade que se esconde nas estreitas ruas da razão levam-me a reflectir sobre este enigmático sentimento.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Declaração de amor

Gostava que um dia os meus pensamentos, os meus sentimentos, as minhas preocupações e precipitações se transformassem em actos, actos sinceros e deliberados que não te magoassem. Que visses a franqueza nos meus olhos, que sentisses a palpitação repentina e precipitada do meu coração. Que não me julgasses erroneamente como quase sempre acontece, porque impensadamente cometo erros tão graves na hora de actuar perante ti, a principal causa da minha inibição.
Qual será o segredo escondido nas tuas mensagens, nos teus olhares fatais, nos teus gestos infalíveis? Como é que não te deixas levar pelos outros? Como me percebes como ninguém? Às vezes penso que todo este esforço, todas estas horas perdidas que me devastam a pensar em ti são um absoluto desperdício, mas dou por mim a reciclá-las pela noite fora. Como posso eu perder tempo a escrever para ti, não mereces, és apenas uma perturbação para mim, era suposto fazeres-me sentir bem e não pessimamente.
Agora, nem uma palavra te dirijo, não sei porque não consigo, talvez por seres irrecuperável para mim. Por estares fora do meu alcance? És importante de mais para eu me dar ao luxo de sequer correr o risco de te perder. Sabes precisamente o que sinto; qual de nós o mais tímido, qual de nós o mais sensível. Não minto: um sorriso teu vale tudo para mim, um sorriso encovado, como tu sabes fazer. Um olhar discreto, subtil e elegante que percorre todo o universo envolvente e o teu tom de voz tão dócil, humilde e verdadeiro.
Sabes o que sempre te disse em relação aos sentimentos, em relação ao excesso de emoção. Concordas comigo, concordas que o amor perfeito não é aquele que se esconde nas aparências, é aquele aquele que se esconde na sinceridade e na força de o querer viver.

Uma saudação a todos os apaixonados de Verão e que se revejam nesta pequena observação. Tenho a impressão que o que sentimos é universal, pois uma pessoa sem sentimentos nem sensibilidade não é uma pessoa mas sim uma aberração.