O que dói mais? Ter um prego entre a unha e a carne do dedo grande do pé e dar uma biqueirada na parede ou sofrer por amor? Claramente a primeira. Digam o que disserem, não há dor inigualável. Até me dá arrepios só de pensar. Todavia, grande parte dos adolescentes hoje em dia receia que o lancinante sentimento do amor mais cedo ou mais tarde resulte numa aflição psicológica que, violentamente, possa manietar e controlar todas as acções do indivíduo. Bem, na verdade até não. Os adolescentes não querem saber nada disso. Tudo o que receiam é materializado.
As adolescentes, no entanto, querem fazer fotografia quando nem sabem o que a palavra significa. Querem ouvir os rapazes dizerem que são bonitas para que, satisfeitas, os possam ignorar e desprezar. Querem também receber "gostos" nas fotografias que publicam no Facebook, não interessando que parecem ridículas com um sorriso manchado e ingénuo, ou "patamente abocanhadas". Eu próprio gosto de "gostos", quem não, de direito? Foi, de facto, a grande invenção, depois da roda. O "gosto" mudou jovens acneicos para verdadeiros gigolôs da avaliação física de raparigas seminuas - acreditem, eu sei do que estou a falar. O "gosto" permitiu que pessoas, consideradas tímidas, pegassem em seus aparelhos de registo fotográfico e o utilizassem ao contrário, literalmente, com a objectiva direccionada para o simultâneo motivo e fotógrafo, ficando o visor à responsabilidade da atmosfera que, se Deus ajudar, criará então o plano focal desejado pelo sujeito que pega na máquina. Parece-me simplesmente absurdo, depois de analisar a situação. Resulta num subconsciente paradoxo fotográfico! Ou bem que se é o fotógrafo ou bem que se dá a fotografar. Talvez possamos considerar que, neste caso, a atmosfera seja o fotógrafo. Nesse caso, o paradoxo está resolvido.
E o mais engraçado é que nesta "bangunça de assuntos" (reparem que significa o mesmo que a tão venerada "mixórdia de temáticas") se encontra a minha perfeita e apurada descrição. Se quero criticar, mais vale começar por criticar o alvo mais fácil e a realidade que mais conheço: eu.
Muito bem, partilho da tua opinião e tens uma ironia bastante refinada. Gostei muito, beijinhos
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