quarta-feira, 22 de março de 2017

Poema disciplinado

As regras dum poema
Não são as dum quartel.
Agarra-se numa pena
E escreve-se no papel.

Parece bastante simples -
Então qual será a razão
De na poesia faltar gentes? -
Ou será somente ilusão?

Há aqueles que acham
Que sem algum conteúdo
Não se planta senão
Um ponto escrito sisudo.

Ou que no bico do lápis
Tem de se encontrar
Sempre um final feliz
Prestes a se revelar.

Ou que é complicado
Meter tanto artefacto
Num poema enfeitado
Por ter de ser abstracto.

Ou usar uma palavra rica
E difícil de entender,
Já que a rima e a métrica
Não se podem ofender.

Há tantos poetas caídos
Nessas longas escarpas
Dos amores escondidos
Entre versos e cartas.

São esses que amam
Pensando na vida;
Não na que levam -
Mas numa sentida

Porque só a alcançam
Quando pegam na pena,
Entre quadras dançam
E escrevem o poema.

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