Ao me ir embora lentamente, levo Faro guardado na mala,
Que é pacote inevitável de viagem numa solarenga manhã de Novembro.
Recordo-me. Sim - recordo-me. Não sei precisar o mês ou o dia,
Mas a hora é infinitamente o meio-dia. Sim - meio dia em ponto.
Meio dia levei para decidir e outro meio para contemplar.
Um dia para esquecer e mais outro para me iludir.
E assim me fui embora - mas não fui o único, ou o primeiro.
Era uma cidade estranha, cheia de coisas novas.
Pequena e solarenga, podia ser vista só num dia
Para quem gosta de ver coisas já demasiado vistas.
Mas eu nunca a vi de perto: só ao longe, afastado
Pelo medo de me prender e ficar lá agarrado.
Assim me fui embora: com um medo residual
E com muita pouca confiança; tão pouca que até me queria mal.
Eu queria-me mal, eu queria-me fraco e inútil.
Mas Faro é que me queria fraco e inútil.
O ALGARVE todo queria-me fora deste jogo, esse fraco e inútil.
Mas eu resisti e aguardei.
E aguardei.
E enquanto me restar alguma alma, seja fraca
Ou prestes a partir, franca ou imunda, desde que se lhe possa
Chamar alma ou alguma coisa assim pela linguagem tomada,
Aguardarei.
Que por Coimbra todos esperamos, até quem
Tem a alma agarrada por uma corda vocal rouca.
Que por Coimbra todos gritamos.
Que por Coimbra todos amamos.
Não há Faro nenhum em bagagem alguma que espere
Ou ame ou grite mais alto que tu, ó capital do Amor em Portugal.
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