Eu não sei escrever poemas de amor...
São matérias proibidas de pensar,
Sabe, como quando estou consigo
E a quero vulgarmente beijar...
Mas o seu sorrisozinho transparente...
E as reticências múltiplas, que são
Três pontinhos pequeninos como a bebé;
E os diminutivos tão alegres e com fé
De que se chegue à frente e me sorria.
Mas para escrever poemas de amor
E nem sequer pôr os versos a rimar,
(Porque quer claridade lógica
Quando a sua lhe favorece os olhos?)
Mais vale falar-lhe com bons modos
E arranjar um tempinho e telefonar
À bebé e sermos muito felizes os dois.
(Sim, sermos felizes, felizes, felizes.
Mas por ser feliz corrompo o meu fim.
Morro doente e velho e sou feliz.
Que venha a Peste e mate todos os que
me fazem feliz, que eu sou feliz.
O que é bom é ser feliz, feliz, feliz.
E a menina também será, igualmente,
Feliz: três vezes feliz até ser feliz.)
Arre: e quero eu perceber isto de pôr
Graus diminutivos nos adjectivos,
De perder os verbos e todas as partículas
Sintácticas por causa de ser um justo poema.
Mas a menina é tão bonita.
E a menina mete-me louco.
E como sempre louco que sou,
Vi-a hoje a tempo de lhe perguntar:
"Como se chama a menina?"
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