Saí à rua apressado e alguém me sorriu.
Era a Filipa, aquela vizinha suave!
Vive entre a casa arrendada e a universidade
E dizem que tira muito boas notas.
Que estuda ela? Ah, é medicina!
Não deve ter tempo para nada...
"Ontem li os teus sonetos; li-os todos...",
Disse-me enquanto eu fechava o portão.
"Estão muito belos; tão belos que tudo são!"
A Filipa tem metafísica e consciência carnal.
Perguntei-lhe o que fazia: arrumava o quintal.
Eu, que estava atrasado, aproximei-me
Da sua casa paralela. Vendo-a varrer,
Deixei-lhe o meu caderno privado de sonetos.
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