domingo, 15 de fevereiro de 2015

Soneto silencioso

Era tarde, sabíamos, para nos amarmos.
Ainda assim escolhemos os abraços sóbrios
Para serem o refúgio do nosso romance.
Esses abraços extensíveis no tempo...

Tantas estórias sobre o excessivo e enervante
Amor que denunciámos; quantas lutas lógicas
Tentámos, na esperança perdida de querer mais,
Um contra o outro, ferozes, impecáveis, dissipar.

Longe, onde moras, as pessoas casam com quem
Lhes pertence. Fazem filhos e dão-lhes a Vida
Que lhes resta... A ti deram-te a Morte certa.

Porque cansas quem te quer e assustas o Futuro,
Afastaste-te precoce, e sem ti apenas restou
Um silêncio inimaginavelmente ensurdecedor.

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