Parece absurdo, mas durante o período lectivo, o Daniel é muita coisa. É crítico, cínico, controlador... Exagerado e palerma. Durante as aulas, o Daniel é tudo, menos o Daniel. Se nas férias conseguia encontrar a essência da minha existência nela própria, já nas aulas acontece o oposto. Nas aulas não sei ler, não sei escrever, não sei contar nem como me movo no espaço. As aulas fazem-me burro e absurdo. Transformam-me numa aberração social, invertem-me as opiniões e as afeições. Não consigo encontrar uma constante lógica na qual apoie a minha realidade... Tudo o que faço ou digo é errado à primeira vista, tudo o que digo ou faço é fútil, redundante e ingénuo. Acabo a pensar por extensas horas, à procura das respostas ao trio de questões que a nossa realidade fatalista nos coloca. Penso que vim de não sei onde, vou para não sei onde e sou não sei o quê. Não se trata de não saber que os
is têm pontos, trata-se de não saber como pôr os pontos nos
is.
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