Ano após ano continuamos andando.
Eu que por cá reservo memórias
De fingir ter a vida por comando,
De fugir de todas as recordações,
Desejo voltar a quando éramos um.
Esse pensamento é plural como nós.
Está parado no passado e hoje é
Intermitente com as estações do ano.
Sinto-me triste: é outono, acabou o verão.
A melancolia solta-se e as folhas caem.
É um pensamento quase real:
Quase tão real que é sentimento.
E por mais dias que passem, que de dias
Se farão meses, vai e volta como um banco
De jardim num dia solarengo de agosto.
Por fim irás caminhando em contínuo.
Não há ciclos que não se fechem
Nem invernos que durem o ano todo.
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