Olha, Margarida.
Não me olhes assim quando estou bêbado.
Tu gostas...
Não gostas?
Gostas - vejo-te sorrindo por detrás das tuas covinhas que tentas disfarçar.
Ri-te sem pesar - eu gosto quando sorris...
Como gostas quando tenho bebedeiras...
Olha, Margarida...
A vida é senão uma bebedeira gigantesca.
Quando formos velhos não vamos estar mais sóbrios,
Apenas mais cansados.
Quando morrermos não vamos acordar no dia seguinte ressacados
Porque a morte é a cura que desejamos encontrar em vida.
Margarida... Bebe mais comigo e podemos ambos estar
Sãos de consciência e desequilibrados de equilíbrio.
A vida é senão o mote engraçado da morte,
Por isso precisamos de mais vinho e aguardente forte -
Sabes, para nos rirmos um bocadinho.
Olha, Margarida!
Todos nós temos amigos mais próximos e menos próximos.
Mais próximos e menos próximos da morte, quero eu dizer...
Tu és minha amiga, Margarida, mas próximo de nós, que eu enxergue
Com os meus olhos semiabertos, apenas está uma garrafa de vinho.
É vinho bom - prova mais!
Bebamos e brindemos com um copo cheio - e depois com outro!
Porque olha, Margarida...
O vinho não se acaba, já que tenho a sensação que a bebedeira é eterna.
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